Eles haviam se mudado. Ninguém, ou melhor, quase ninguém sabia onde eles moravam. A curiosidade me fazia de um arrebatamento inferior e supremo. Eu queria conhecê-los melhor, saber melhor.
Todos diziam que os dois viviam em pecados mortais. Todos diziam que os dois iriam para o inferno, queimar. Todos diziam que os dois eram pecadores sem-vergonhas.
Todos, menos eu.
Éramos curiosos, isso não podíamos negar. E eles, bom, eram misteriosos. Não falavam nada, não saíam de casa e muito menos apareciam na janela — que estava sempre coberta pela cortina.
"Velhos amigos" não ligavam, não mandavam mensagem e nem apareciam na porta. Aqueles "todos" que os acusavam, achavam que não havia vida naquela casa. Achavam que os dois teriam morrido há anos, dentro da própria casa.
Mas eu conheço a senhora que vendeu a casa para os dois. Ela me disse que os dois fazem serenatas todos os dias, dentro da casa, na frente da lareira.
Só em uma noite,
Eles foram vistos,
Rindo,
Se amando,
Se beijando,
Se abraçando,
Eles conhecem
A maneira perfeita
De ser
FELIZES!
Eles não saem para caminhar, passear ou dar um simples 'rolê'. Para eles, a luz não precisa chegar, ela interfere no amor. A luz pode atrapalhar todo o plano de amor dos dois. Eles não merecem isso.
Bad dreams in the night. They told me they were going to lose the fight, but not the battle.
Eu observo-os nas suas sombras altas e magras, na própria janela oposta. E eu aspiro estar com eles, pois aqui é escuro, fica solitário.
Eu observo-os todas as noites.
Você não sabe que eles são vistos?
Não vai me deixar ir?
Será que poderei entrar no meio dos dois?
Eu também quero conhecer a maneira perfeita de ser feliz.
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