São Paulo, Mooca, 27 de Dezembro de 1987.
Ricardo, eu sei, sei que seus pais são contra o nosso relacionamento. Mas também, a "Mutante" aqui — revolucionária e louca — quis mudar a sua vida de cabeça para baixo. O único problema é você. E sabe o por quê? Por que você diz que vai fazer e não faz? Assim não dá mais, não mesmo! Ricardo, eu não posso deixar, entende? Se alguma coisa está errada, eu preciso falar a verdade.
Sim, Ricardo, eu sei que você está com medo de dar, e claro, o que vão pensar. "Não vá se misturar com esses meninos cabeludos que só pensam em tocar", como seu pai lhe disse. Eu o ouvi conversando contigo. E como bem te conheço, Ricardo, você escutará o papai dizendo: gente fina é outra coisa.
Então para que você fica nessa indecisão? Papai tem razão! Claro que seu pai tem razão, não é, Ricardo? E não me venha dizer que você vai sair de casa e batalhar pra viver. É mentira! É MENTIRA! Eu duvido completamente disso. Não acredito mesmo. Agora, só agora, eu percebi que a errada não sou eu. E sim, claro que sim, você e seu pai.
Hoje mesmo eu te vi. Pensei que fosse o seu pai. Que decepção. Eu fiquei triste de ver a sua vida começando pelo lado errado. E você está acreditando mesmo que gente fina é outra coisa. Mas é claro. Gente fina é outra coisa. Ricardo, querido, me despeço de ti com a mais singela decepção. Você não era assim, porém para agradar seu pai, fizeste isto. É uma pena. A hipocrisia de seu pai me desanima e a sua mais ainda. Passar bem, Ricardo. Não sinto mais nada por ti. Fique bem, querido.
E que seu pai vá para o inferno.
Assinado, Camila. Com beijos e abraços de todo ódio do meu coração.
Até a próxima coluna, queridos. =)
Até a próxima coluna, queridos. =)
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