#Resenha: Extemporâneo - Alexey Dodsworth

by - julho 31, 2019


Título: Extemporâneo
Autor: Alexey Dodsworth
Editora: Presságio
Páginas: 232
Ano de publicação: 2017
Onde comprar: Amazon


“Somos todos dependentes uns dos outros, é por meio deles que sabemos quem somos e quem não somos.”


A História

E se você pudesse ser mais de uma pessoa? E se você acordasse em uma nova vida, sendo um outro alguém? E se a cada novo amanhecer você não pudesse prever onde vai estar, em que época do ano, em que lugar e quem você será?
Essa é a realidade do(s) protagonista(s) desse livro, sim porque aqui nessa história vamos conhecer vários lados e facetas de mais de um personagem, só que em apenas um. Não entendeu? Vou explicar!
A cada novo dia, o personagem desse livro acorda em um lugar totalmente diferente de onde estava no momento em que foi dormir. Isso mesmo. Mas não somente, ele também se descobre a cada dia uma nova pessoa, inclusive de sexo e orientação sexual diferentes, modos de ser, de pensar, de agir... a criatura é sempre uma nova pessoa.
No entanto, embora sua memória reset a cada dia para que as novas lembranças da nova vida possam surgir, o personagem (ou a personagem) sempre consegue lembrar de quem era por alguns instantes antes de esquecer tudo. Até que tem a excelente ideia de escrever em um diário tudo o que viveu e quem foi no dia anterior.
E, no meio de dias incertos e totalmente distintos, suas realidades se misturam ao ponto de se chocarem, e suas versões fazem diversas descobertas sobre si, sobre o mundo e sobre o ponto mágico em que a vida real e a ficção se complementam.


Capa, escrita e detalhes

A capa desse livro é simplesmente maravilhosa! Eu fiquei muito encantada, aliás, com a edição por completo! Está num capricho que só vendo. A editora Presságio está de parabéns!
A escrita do autor é simplesmente incrível, instigante, fluida, reflexiva e, por vezes, carregada de um humor sem igual. Foi meu primeiro contato com obras do autor e fiquei apaixonada pela história.

“A gente passa, as cidades ficam. A gente vem e vai, as cidades perduram.”

O livro é narrado em primeira pessoa pelos diversos personagens que a história suporta, onde podemos estar na pele de cada um deles e entender muito do que sentem, pensam e fazem. É muito louco, porque realmente me senti ali bem no meio de toda a aventura (boa e ruim) que os personagens passam. Foi uma viagem enriquecedora.
Além de ser uma história bastante original e cheia de reviravoltas, o livro é carregado de críticas sociais, políticas e até filosóficas. Eu achei esse quesito ainda mais sensacional e tudo isso em poucas páginas, mas com muita coisa sendo abordada.
As realidades mostradas são totalmente surreais, muitas vezes fora do comum, mas é tão real ao mesmo tempo que questionamos se algo do tipo não já aconteceu em algum momento. Em outras vezes, temos realidades bem convincentes e prováveis, como no caso do Brasil nazista.
O final do livro trouxe um plot bem bacana, cheio de reflexão. Talvez não tenha sido um final muito amarradinho, mas eu não senti falta de muita coisa da forma com que foi construído, pelo contrário, gostei bastante.

Conclusão

Com elogios e mais elogios, você ainda se pergunta se eu recomendo? Recomendo sim  e muito! E recomendo para todo mundo mesmo, porque é um livro de fácil leitura, instigante, curioso, reflexivo e cheio de originalidade! E tudo isso em um nacional, o que é ainda melhor.
Maaaas, se você ainda está em dúvida, lá vai minha última dica: o autor tem uma narrativa que conversa com o leitor o tempo inteiro e te faz viajar em todas as versões dos personagens, mas também nas suas próprias versões, afinal, como diz no livro: “Goste ou não disso, as maiores referências sobre quem você é são os outros”.

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