Quando o amor vira lar
Os
dias vão passando e a gente passa a acreditar que as coisas ficam ditas nas
entrelinhas. No começo, nosso mundo é feito de belas palavras ensaiadas. No começo,
nossos dias são floridos de pequenas frases aqui, outras acolá e que formam um
bom complemento depois, naquele momento em que você lembra tudo o que foi dito
e repetido. As horas até parecem estar contra você, porque entram em modo
acelerômetro constante. E você vai perdendo a vontade de ir embora. Você vai querendo ficar. E de “ficadas” em “ficadas”,
seu coração escolhe fazer morada.
Quando
o amor vira lar, tudo parece tão mais profundo. Quando o amor vira mistura de tempo bom com série gostosa de
acompanhar, tudo parece encaixar tão perfeito que até os mais complexos
quebra-cabeças parecem fáceis de resolver. Quando o amor vira batata frita e bacon num sábado à noite, com direito
a dormida de conchinha, a vida parece cada vez mais fácil de superar. E você vai virando lar. Não é só o amor
que decide ficar agora, seu corpo também quer. Seu corpo já se refugiou em outras curvas que não as suas. Já se
perdeu em outra temperatura que não a sua, mas que agora parece ainda mais
perfeita.
Então o amor e o corpo
viram morada que não quer ir embora mais. Sabe quando a
gente procura as chaves de casa e não acha? Agora é a fase de sequer se
preocupar onde a chave está. Só que você ainda tem a mente. Sim, ela é a que
sempre entra em conflito com tudo. Porque, enquanto coração e corpo dizem, em
uma canção impossível de não ser ouvida, que sim, sua mente vai listar todos os
motivos para um tremendo não. E você vai ignorando. É que afinal quem precisa
pensar muito quando se tem muito a sentir? Engano. Um abismo enorme de engano. É
que nosso corpo, coração e mente parecem ser uma coisa só. E se não estão em
concordância, você vai faltar. E ninguém
quer alguém que falta, todos nós precisamos de alguém inteiro.
O
cheiro de bacon já começa a ficar enjoativo, porque a mente te faz ver que
bacon para sempre pode enjoar. O quebra-cabeça é resolvido e a mente te faz
entender, logicamente, que a vida é bem mais difícil que peças quaisquer que
precisam se encaixar. Nem sempre as
coisas encaixam. E como faz quando o encaixe não é perfeito? Então a mente
te faz perceber que curvas podem ser perigosas, que a temperatura muda tão
drasticamente quanto o ponteiro do relógio. A mente te faz perceber que o tempo se consome sozinho, levando quem
estiver pelo caminho, sem dó nem piedade. E você começa a olhar pela
janela. Vê o mundo lá fora e se pergunta se tudo isso vale a pena.
Sua
resposta é o que vai determinar tudo agora.
É
só quando você diz que sim, que não importa a temperatura, se há bacon ou não,
se a batata frita é sequinha e crocante, se o quebra-cabeça encaixa direito ou
não, se as peças estão em perfeito estado ou se estão como uma maré de caos, é
só quando você percebe que não importam as curvas de corpo nenhum, que não
importa o perigo, o risco, o medo, as tempestades, o clima... o que importa
mesmo é que você saiba que, sim, vale a pena.
E
se descobrir que vale, agarre. Se escapar é sinal de que você não encontrou a
resposta ainda.
Se
é sim, então bem-vindo ao lar, aquilo que também chamamos de amor.
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