Notas sobre uma manhã ensolarada
Há
tanta gente aqui. Tanta gente por aí. Todo mundo tão junto, todo mundo tão
separado. Uma multidão. Multidão de vazio, talvez. Multidão de egocentrismo,
quem sabe. Sempre há de tudo por aí, não é mesmo? Como nesse exato momento:
vejo pessoas rodeando a praça principal da cidade. Andam tão juntas, ao mesmo
tempo tão sozinhas. Todos por ninguém, muitas vezes. Um por todos e todos por
um? Raro. Um por um mesmo? Normal. Será egoísmo? Será medo uns dos outros?
Serão as muitas tentativas de vencer na vida que não permitem que um dê a mão
ao outro? Serão as diversas vezes em que nossa mãe disse para não falarmos com
estranhos? Aprendemos a ser um estranho perfeito. Aprendemos a ser um só, mesmo
em uma multidão.
E
tudo bem. Juro.
É
que, de fato, ser sozinha não é problema nenhum. Ser sozinha significa que a
gente consegue, mesmo sem plateia. Mesmo sem alguém para dar aquela força, pois
nos tornamos a nossa própria força. Nós nos tornamos inabaláveis e quem não
quer ser inabalável sem precisar ter superpoderes? Quem não quer passar pelas
etapas da vida sem ter que depender de um efeito purpurina que nos salve dos
males? Quem não quer salvar-se, sem ter de esperar o príncipe do castelo branco
chegar com sua espada? Pelo amor. Todas nós queremos ser nossa própria
salvação. E, acredite, nós somos. Só precisamos, às vezes, descobrir isso.
Porque não adianta alguém contar a você, você é quem precisa descobrir. Se descobrir.
A
gente aprende a andar por aí com as próprias pernas, sem precisar esperar que
alguém possa nos carregar no colo. A gente aprende, cara. Quebramos a cara.
Erramos várias e várias vezes. Voltamos atrás. Tentamos desistir. Mas, de
alguma forma, a gente continua. E dane-se se houve erro nessa margem toda que é
a vida. Sempre há um jeito das coisas se consertarem. Sempre há um jeito de a
gente tentar de novo. E que maravilha! Poder contar consigo mesmo é
maravilhoso. Esplêndido. Uma das melhores sensações da vida. Mas, quando as
coisas começam a nos afetar, podemos mudar, sabe?
Não
é porque aprendemos a ser sozinhas que precisamos, necessariamente, continuar
sempre assim também. A verdade é que a gente faz da vida a vida que quer levar.
Quis ser sozinha esse tempo todo? Ótimo. Agora não quer mais? Qual o problema
nisso? Quer ser sozinha, seja. Quer ter alguém, tenha. Não quer alguém? Tudo
bem. Decidiu que agora já deu? Bola pra frente. A gente complica tanto a vida
que já é tão complicada...
A
vida não precisa de adjetivos, ela por si só já faz seu trabalho em ser
complexa o suficiente. E parece que nós somos seu brinquedinho. Mas, sabe,
brinquedos também são insubstituíveis, mesmo depois de quebrados.
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