Sobre quem somos e o que querem que sejamos
Sabe, às vezes a gente
tenta tanto ser alguém digno, alguém que merece outro alguém, alguém que serve
para ser alguém, que acaba se perdendo de vista.
Eu me perdi quando percebi que podia ser eu mesma com você. Eu me sentia tão
leve contigo, tão livre... Fui vivendo meus dias, de início, com certo receio
de me mostrar, mas foi automático quando soltei minhas algemas, quando tirei a
faixa que me prendia de ser... assim, como sou. Eu me mostrei sem querer. Hoje me
sinto nua ao seu lado, me sinto tão exposta que não preciso mais procurar um
jeito de definição, porque eu sei que não vou encontrar.
Só
que não é possível imaginar que o que você é não é algo que alguém queira ver. Eu
não imaginei, sabe? Às vezes penso que essa
tal liberdade maltrata, porque quando você se sente livre, é como se nada
pudesse te travar, então você se solta, então você se mostra sem
preocupação alguma. Foi quando me mostrei totalmente que você viu o que não
queria ver. Foi quando fui eu mesma até
o fundo do poço que você encontrou aquele alguém que todo mundo esconde. Talvez
tenha sido como encontrar alguém novo em um alguém tão conhecido. No entanto,
te confesso, não foi mudança repentina, foram
as correntes que você me permitiu tirar.
Você
já se sentiu insuficiente? Já se sentiu como se não fosse mais a peça perfeita
que encaixa em toda aquela história? Eu me senti deslocada de tudo quando
percebi que eu não era exatamente quem você queria. Não foi fácil notar que você descobriu em mim aquele alguém que todos
trancam em seu esconderijo, mas o pior foi entender que esse mesmo alguém,
que é uma parte de mim, não é quem você queria que fosse. Sabe, todos nós
escondemos muito do que somos. Eu já não tenho mais o que esconder de você,
porque você conhece até meus piores jeitos. Porque você descobriu quem sou. E isso
dói. Dói perder o total controle do que eu
quero mostrar ou não.
Pensei
que com você seria diferente. Pensei que com você não haveria problemas, não me
sentiria errada, mas não foi assim. E eu só pude perceber quando você me fez
voltar, quando me alcançou com suas mãos frias e me fez ver o que eu não estava
vendo: eu era tão eu mesma ao seu lado que permiti que minhas piores fraquezas
se mostrassem. Foi só então que percebi
que eu era assim apenas com você, que eu era quem sou de verdade, até o fundo,
onde sempre tem aquele borrão que ninguém conhece.
Senti
que me desloquei de quem sou no exato momento em que você me deu um sacolejo,
dizendo o quanto isso era absurdo e absurdo e absurdo. Não sou absurda. Não sou
errada. Não estou deslocada. A vida é
que é absurda. Injusta. Errada. Fora dos eixos. Alguém não pode ser quem é porque ninguém entende. Ninguém pode ser
quem quer ser porque alguém entende errado. Todos vivem seus dias se escondendo
de todos. Ninguém conhece ninguém de
verdade, bem no fundo. E quando conhecem, ainda apontam o dedo e julgam,
apontam o dedo e crucificam.
Mas
eu sou tão eu quando estou com você que acho que deveria entender o quanto isso
te torna especial para mim. As pessoas não são elas mesmas com qualquer um. As pessoas
são elas mesmas quando não encontram alguém para julgar. Para mim, você era
esse alguém. Até que julgar foi o que você decidiu fazer também.
Até que você se tornou
todo mundo.
Uma
utopia impossível de alcançar.
Às veze a gente tem que
pagar um preço alto para entender que ninguém precisa nos aceitar, mas também
não precisam ficar. Só
que, quando ficam, ficam com o que somos também. E se isso não é o suficiente,
algo está errado. E não é você.
2 Recados
Oiee, que texto cheio de sentimentos... Parabéns
ResponderExcluirbjsss
http://claugoliver.blogspot.com.br
Obrigada, lindona!
ResponderExcluirVolte sempre!
Super beijo,
Sâm
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