Ela decidiu mudar
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Foi quase instantâneo.
Ela não conseguiu nem se lembrar de como era antes. Já não fazia mais
questão de comparar o seu progresso, não mesmo. Foi a partir do dia em que se
olhou no espelho de uma vitrine qualquer e viu outro alguém, um alguém que não
queria ser, não mais, que ela decidiu se trancar e só sair quando se
transformasse.
Feito uma
borboleta, decidiu voar, libertou-se daquele mísero casulo onde se prendeu por
tantos anos. Viu a luz do dia e percebeu o quanto podia ser melhor, o quanto
podia prosperar dentro de si mesma. Foi uma dura decisão, porém
necessária. E ela sabia que era o certo a se fazer, afinal, não dá para
ser quem não é de verdade por muito tempo.
Não dá para
viver no esconderijo, por trás de uma casca que mostre alguém diferente de quem
grita dentro do peito. Uma hora ou outra, ela sabia que não aguentaria fingir
mais. E, ao ver seu desenvolvimento nitidamente estampado, não mais se reconheceu.
Ela
precisava se explorar novamente e começar desde o início. Precisava conhecer
aquela que sempre aniquilou dentro de si, que nunca quis conhecer de verdade,
que nunca quis que alguém visse. Anotou suas novas manias e certificou-se de
que era alguém com províncias aprimoradas. Entretanto, por incrível que possa
parecer, ela continuava inalterável.
Continuava aquela
que, ao ouvir uma única palavra tocante, chorava. A que não aceitava desaforos
da vida e nem nunca se limitava aos trancos e barrancos de seus passos tortos.
Jogava-se de corpo e alma a qualquer tarefa que lhe parecia interessante. Aquela
que sempre coube no menor sofá da sala e que não dormia de outra forma desde
que não fosse embolada num canto da cama. A que jamais deixou alguém na mão
quando ouvia um “preciso de você”. E de seus modos e contratempos não conseguiu
se livrar. E que, no decorrer de seu crescimento, permaneceu intacta,
invariável por dentro.
Não mais
sabia voltar no tempo, não que fazia questão. Deixou para trás tudo que um dia
lhe fez mal. Até hoje não acredita que pôde adquirir tanta alternância assim.
Entretanto, via o quanto evoluiu. O quanto ganhou com sua roupa verdadeira,
seus gostos sinceros, seu modo de ver o mundo e sempre acreditar no amor. Deixou
de ser apenas um vazio dentro de uma casca qualquer: se tornou preenchida de si
mesma.
Tudo na vida
conclui-se em mudanças, não existe algo que jamais tenha passado por essa fase
macabra. Sim, ela fazia parte de tudo dito aqui, porque, quando decidiu que queria
ser outra, logo se reformulou completamente. E, no fundo, bem ali no profundo
da alma, ela era quem realmente era agora, mas continuou a mesma, apesar de
estar completamente diferente.
2 Recados
Oieee desculpa o sumiço mais estou de volta eeeh rsrs
ResponderExcluirQue belo texto, realmente a vida nos muda a cada dia um pouquinho e nem percebemos, as pessoas que cruzam nossos caminhos também contribuem para tal mudança levam um pouco de nos e deixam um pouco de si. Parabéns bjsss
Senti sua falta! Hehe.
ExcluirExatamente isso: "levam um pouco de nós e deixam um pouco de si".
Obrigada, lindona! Volte sempre e não some. Haha.
Super beijo,
Sâm.
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