Título: Dumplin’
Autora: Julie Murphy
Editora: Valentina
Páginas: 336
Ano de
publicação: 2017
Nota da
leitura: 5/5
“A perfeição não é nada mais que um fantasma que
perseguimos.”
A História
Willowdean é uma gorda
assumida. Mas não aquele tipo de gorda que se odeia. Ela não tem a intenção de
mudar seu corpo por ninguém, muito menos por padrões sociais de beleza. Will,
como vou chamá-la, é o tipo de pessoa que se aceita.
Mas o que fazer quando a
sociedade não te aceita?
Will é uma jovem de
dezesseis anos que está passando por uma perda muito difícil. Sua tia, a quem
tanto amava, faleceu e até hoje ela não superou. Como se não bastasse, sua mãe
está começando a se desfazer de tudo que a tia possuía.
No entanto, o que mais
está tirando Will do sério é o maldito concurso de beleza que acontece uma vez
por ano em sua cidade. Sua mãe é uma das misses, mas, pior ainda, é justamente
a diretora do concurso que seleciona sempre a mais bela, magra e dedicada
garota para estrelar.
Ainda por cima, Will está
afim do carinha do serviço, mas não tem a menor intenção de tentar ficar com
ele, já que seria alvo de zombação:
uma gorda com o carinha bonito.
Mas e se ela pudesse
mudar tudo isso? E se ela pudesse correr atrás de calar a boca de todos ali de
uma vez por todas? E se ela pudesse fazer mais por sua tia que não pôde fazer? E
por ela mesma?
A resposta é uma só. Participar
do maior acontecimento de sua cidade: o concurso!
Personagens principais
Willowdean é a melhor pessoa de todos os tempos. Não, ela não
é perfeita. Ela erra como todos nós. Ela comete deslizes como todos nós. Ela é
cabeça dura às vezes como todos nós. Porque ela é IGUAL a todos nós, apesar de
ser diferente. COMO. TODOS. NÓS.
Will é uma menina que,
mesmo aos dezesseis anos, já é madura o suficiente para saber quem é. Junto com
sua melhor amiga, Ellen, ela sempre viveu bem e feliz. Até que ela perde sua
tia Lu e começa a trabalhar em uma lanchonete onde conhece Bo, o Garoto da
Escola Particular e ele passa a lhe tirar o sono. Embora isso pareça impossível
para ela, Bo corresponde aos seus sentimentos, mas acaba trazendo para a vida
de Will inúmeras dúvidas sobre si mesma e o mundo que a rodeia, afinal, para
ela, isso só seria possível em um mundo paralelo. Conhecida por sua
autoconfiança, ela tem cabelos castanho-claros em cachos. Trabalha, estuda e
ainda não beijou ninguém. É quando sua melhor amiga começa a evoluir em seu
relacionamento com Tim que Will começa a sentir vontade de ter alguém também. O
problema é que ela não consegue se entregar completamente...
Bo é o cara da Escola Particular que trabalha com Will.
Ele frita hambúrgueres, mas nunca fica fedendo. Desde que Will lhe conheceu, nutre
um sentimento por ele, mas, insegura, jamais deixou transparecer. Ou talvez
tenha deixado em seus olhares a certeza de que Bo precisava para agir. Ele é
lindo e tem um cabelo despenteado, enrolado no alto da cabeça. Está sempre com
uma correntinha de prata para dentro da camisa e vive com os lábios melados de
seus diversos pirulitos vermelhos. É uma boa pessoa e faz com que Will se sinta
ela mesma. Embora ele seja calado, adora o jeito tagarela de Will e vai querer
ir além de uma amizade.
Personagens secundários
Ellen é a melhor amiga de Will. Ela é tudo que Will não é:
alta, loura e sexy. As duas são amigas de longos anos, tanto que El sente muita
falta da tia Lu também. Sabe aquele tipo de amiga que está ali sempre? Então. Ela
namora Tim, um baita namorado que faz de tudo por ela. Uma amizade linda une El
e Will, porém, as circunstâncias da vida podem fazer com que algo nesse
edifício inteiro se abale. Você pode sofrer um bocado com isso? Pode. Mas nossa
Will é quem sofrerá mais.
Mitch é outro amor de pessoa que me fez suspirar. Para ele todo mundo é alguém... Um perfeito
cavalheiro e sensível até a última gota, Mitch é o tipo de cara que derrubaria
qualquer coração. Seu tamanho é intimidante, porém ele carrega um singelo
coração dentro de si. Faz de tudo pelo bem da pessoa com quem deseja estar e é
o cara que vai disputar a atenção da nossa Will, mas se ela não tivesse
conhecido Bo...
Mille, Hannah e Amanda
são três amigas de Will. Elas acabaram embarcando nessa de entrar para o concurso
quando viram que Will entrou, agora a nossa menina se sente responsável pelo
bando para lá de peculiar em comparação às outras candidatas.
Mille é bem gorda, maior que Will. É o tipo de pessoa que
te cativa só com o sorriso, imagine quando conhecer seu coração gigante... ela
realmente não demonstra se incomodar com as zoações por causa de seu tamanho. Ela
adora combinar as cores de sua vestimenta e está sempre bem humorada. Seu sonho
era participar desse concurso e parece que chegou sua hora.
Hannah é um poço de grosseria. Dentuça, ela é alvo de
piadinhas idiotas desde sempre. Por que é
que ela não usa aparelho, afinal das contas? Talvez porque não queira. Não pode.
Ou simplesmente porque se aceita. Mas não é só isso que Hannah tem de aturar e
depois vamos descobrir seu maior segredo.
Amanda tem uma perna maior que a outra, por isso, vive
usando botas ortopédicas que, aliás, também é alvo de humilhações e de piadas
de péssimo gosto. Ela é uma ótima pessoa e manda muito bem na embaixadinha de
futebol.
Um grupo de meninas
totalmente inusitado e nunca jamais visto no concurso. O que será que vai rolar
nisso tudo?
Capa, escrita e detalhes
Que. Capa. É. Essa?
Estou no chão com essa
capa! Aliás, com essa edição que está incrivelmente linda! A editora está de
parabéns, pois arrasou demais. Eu amei.
A escrita da Julie, que
eu não conhecia até então, é simplesmente maravilhosa. O tipo de escrita que te
prende desde o início de uma forma leve e fluída. Eu li o livro em dois dias,
mas se formos contar ao pé da letra, li em 6 horas. HAHAHA. Não conseguia
parar, porque fiquei muito curiosa com a sinopse.
O livro é escrito em
primeira pessoa, e contamos com nossa Will para narrar tudo. Seu ponto de vista
é muito divertido, e também nos deixa bastante incomodados e emocionados com o
que ela passa/sente.
Os detalhes da história
são tantos que eu jamais saberia falar sobre eles. O livro é cheio de
reviravoltas mirabolantes, algumas que te surpreendem e outras que a gente até
espera, mas nem por isso deixam de nos surpreender. Adorei a forma como o livro
é escrito, como a história vai sendo contada, nos deixando a par de tudo. Adorei
as menções musicais, a Dolly Parton arrasando por trás das linhas e todo o
universo diferencial que a autora criou.
O livro não conta apenas
uma história. Ele conta várias histórias, e me senti segurando em mãos as
singularidades de todos os personagens. Aliás, eles foram muito bem
construídos, cada um com seu problema, cada um com sua diferença e seu modo de
lidar com isso. O apoio que tiveram um com os outros foi lindo e muito
inspirador.
Conclusão
Já vou começar dizendo
que recomendo muuuuito esse livro para todas as criaturas do mundo!
É um livro que te faz
olhar para dentro de si, para nosso próprio preconceito que muitas vezes
reproduzimos e nem percebemos, pois a ideia já foi comprada pela sociedade e
infestada em nós. Me senti nua. Despida. Julie descreveu minhas falhas que eu
sequer havia notado que tinha.
O livro te leva a
refletir sobre nossas atitudes diárias, com o olhar que julga anormalidade tão
em alta. Com a ideia de que o diferente espanta e deve ser concertado para que
seja aceito, ou aquela famosa ideia de que o diferente existe e precisamos
aceitar, mas que esteja longe da gente, sabe? Isso é tão deprimente. Tão sujo. Tenho
nojo.
É um livro que nos
inspira a ser uma pessoa melhor e fim de papo. Não é preciso falar muito sobre
ele, pois ele fala por si só.
Ganhou meu coração. Amei!
Citações favoritas
“Mas essa sou eu. Gorda. Não é nenhum palavrão. Não é nenhum insulto. Pelo menos, não quando eu digo. Por isso, sempre me pergunto: por que não chutar logo de uma vez para longe essa pedra do caminho?”
“Mas não experimento a mesma sensação de progresso que os outros. O que sinto é que estou presa, esperando que a minha vida aconteça.”
“A vida inteira tive um corpo digno de comentários, e se há uma coisa que viver na minha pele me ensinou foi que, se o corpo não é seu, você não tem direito de dizer nada. Seja a pessoa gorda, magra, alta ou baixa, não interessa.”
“Não podemos ter coisas maravilhosas o tempo todo [...] Esqueceríamos o quão maravilhosas elas são.”
“Gosto da ideia de guardar meu mundo em pequenos compartimentos, para evitar qualquer risco de colisão.”
“Nossa relação é como um passeio de montanha-russa. Os freios podem estar quebrados e os trilhos em chamas, mas não consigo escapar do carrinho.”
“Vou em frente porque quero cruzar a fronteira que me separa do mundo. Não para me tornar a salvadora de alguém.”
“[...] fazer bem uma coisa não significa que se tenha a obrigação de fazê-la. Só porque é fácil não quer dizer que seja certo.”
“Porque a vida não é um rio, e nem sempre todos estamos indo na mesma direção.”
“Linda, foi o que ele disse. Gorda, é o que eu penso. Mas será que não posso ser as duas coisas ao mesmo tempo?”
“Há algo no biquíni que faz com as mulheres achem que precisam conquistar o direito de usá-lo. E isso é um absurdo. Na verdade, o critério é muito simples: você tem um corpo não tem? Então veste um e manda a ver!”
“Às vezes, descobrir quem você é implica entender que o ser humano é um mosaico de experiências.”
“Acho que, às vezes, a perfeição que vemos nos outros é feita de mil pequenas imperfeições, porque tem dias em que a porcaria do zíper do vestido não sobre de jeito nenhum.”
Nota da leitura:
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