A gente aprende a ser ponto final
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Faz tempo que não paro de ouvir aquela
música. Essa mesmo, que me faz lembrar do tempo em que decorávamos os desenhos
das nuvens no céu. Do tempo em que apostávamos quem conseguiria contar mais
rápido as estrelas numa noite silenciosamente gostosa levada pelo vento. Do
tempo em que soletrávamos as notas musicais das melodias em uma divisão caótica
dos fones de ouvido. Faz tempo que venho lembrando do tempo que fez o que todo
tempo faz: passou. Mas, cê sabe, o
tempo passa e as lembranças fincam. Não apenas ficam. Elas fazem uma guerra
dentro de nós e tudo se torna um tremendo caos. Chamo esse caos de desamor.
Quando nosso fim chegou, não procurei
esquecer você, acredite. Eu procurei desamar você. Como esquecer o que se ama? Passei
a bater de porta em porta na avenida das lembranças, vasculhando cada pedacinho
de nós dois. Afinal, o que eu procurava? Procurava suas falhas. Procurava seus
erros, aqueles maiores que me fizeram despedaçar o coração em lágrimas. Aqueles
que roubaram vários sorrisos. Esses mesmos que me fizeram ter noites em claro.
Porque, simplesmente, eu não sabia amar de menos. Tinha que ser eu a criatura
que amava de mais?
Quando avistei resquícios do nosso fim,
passei a odiar começos. Sabe aquele primeiro dia de aula em uma nova turma? E
aquele novo emprego? O primeiro dia? As primeiras paqueras? O maldito primeiro
namorado? Não acreditava mais em nada disso. Porque tudo isso, mesmo que fosse bom
no começo, chegaria ao fim um dia. E eu não gostava dos finais. Eu não gostava
da angústia de viver em um dia que acaba. Em um ano que acaba. Em uma vida
que... você sabe. E foi aí que me tornei unha e carne das reticências, onde sempre
vem algo depois, não é?
Passado um tempo, sorri ao perceber que eu
sorria sem você. Sorri ao constatar que eu era amada sem o seu amor. Sorri ao
encontrar comigo sem marcar hora contigo. Eu sorri por me amar sem amar você.
Sorri ao reconhecer a leveza do meu riso. Eu sorri, cara. Sorri ao me olhar no
espelho e perceber minha beleza sem que a sua estivesse ao meu lado. Então
passei a ser ponto final. Passei a permitir que as coisas acabem. Passei a continuar
levando a vida, mesmo que a vida levasse para sempre aqueles que eu amava.
Veja bem, você teve total escolha de
ficar, mas resolveu ir. Deixou para mim a fase “vida que segue”, lembra? Eu
segui. Carreguei nossa história como um fardo, talvez o mais pesado que já
havia carregado até hoje. Mas, quer saber? Quem
é virgula e já foi reticências, aprende a ser ponto final também. Aprende a
assistir o “the end” na tela, se entristecer e chorar, mas, principalmente,
aprende a ver o fim chegar. E talvez a melhor coisa: aprende a ver o efeito
destruidor do fim acabar. Assim como a gente acabou. E eu
segui adiante.
2 Recados
Oiee demorei mais cheguei haha ameiii principalmente o ultimo paragrafo me identifiquei. parabéns lindona bjss
ResponderExcluirQue bom, lindona! <3
ExcluirObrigada, viu?!
Super beijo e volte sempre!
Sâm
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