#Resenha: A desconhecida – Mary Kubica
Título: A
Desconhecida
Autora: Mary
Kubica
Editora: Planeta
de Livros Brasil
Páginas: 352
Ano de publicação: 2017
Nota da leitura: 4 /5
A História
Heide trabalha em uma ONG que
atende refugiados e pessoas em situação de risco. Não é a toa que
ela acaba por se preocupar muito com uma adolescente que vive vagando
pelas estações de trem com um bebê em seus braços.
Dias vão, dias vêm, Heide acaba
por se compadecer completamente por Willow, a adolescente, e Ruby, a
bebê, em uns dias de clima pesado, gelado e tempestuoso.
Desorientada, Heide as carrega para dentro de sua própria casa,
podendo pôr em risco sua família, mas ela sequer cogita essa ideia.
Willow e Ruby lhe parecem tão inofensivas…
A verdade é que elas estão
precisando urgentemente de ajuda. Com fome e frio, sem ter para onde
ir, onde se abrigar, Willow acaba aceitando a ajuda. Já na casa de
Heide, mesmo debaixo de toda a quentura do lugar, com comida farta,
um lugar para dormir e tomar banho, Willow continua apreensiva. Ela é
uma caixinha de mistérios. E não vai entregar a chave a ninguém,
se é o que quer saber.
Indo contra sua família, Heide
esconde as duas debaixo de seu teto, mas sequer poderia imaginar que
tudo iria acabar como acabou.
Personagens principais
Heide é
uma mulher bonita, porém
insegura consigo mesma.
Trabalha em uma ONG que atende refugiados e pessoas em situação de
risco. Ela tem muita compaixão por essas pessoas e faz isso por
amor. Heide é casada, tem sua boa casa, uma filha de 12 anos, seu
marido e um bom emprego. No entanto, ela não está satisfeita só
com isso. Apesar de aparentar estar bem, Heide tem seus tempestuosos
momentos de nublado por dentro. Esconde-se bem, não demonstra o que
realmente sente e pensa. Heide está quebrada, mas sequer pode
perceber, pois repete para si mesma que está tudo bem, até que se
fez acreditar nisso.
Heide
é uma pessoa extremamente confusa. Após
a morte de seu pai e de outros problemas que teve, Heide se tornou
outra pessoa, mas é incapaz de perceber isso, tanto ela, quanto o
marido. De cara, nós
podemos perceber que é uma boa pessoa, que tem um coração enorme,
porém há algo dentro dela que não é visto. Há algo ali, nos
escombros, esperando para estourar. É nesse algo que nos agarramos,
pois sabemos que uma hora vai acontecer. Seja lá o que for.
Chris é
um cara charmoso, é marido de Heide. Trabalha muito e, diversas
vezes, acaba viajando a serviço, portanto, é um marido distante. Do
tipo que jamais poderia perceber o que realmente se passa na cabeça
de sua mulher. Ele acredita, fielmente, que está tudo bem, pois é a
verdade que Heide lhe prega. A verdade é que Chris está um tanto
cansado de tudo. Tem levado seu casamento na maré mansa, empurrando
com a barriga. Não entenda mal, Chris ama Heide, mas pode ser que
não ame mais tanto assim seu casamento do jeito que está:
estagnado.
Chris é um cara muito seco. Está
sempre dando importância demais ao serviço e esquecendo de dar
valor à sua filha e à sua mulher. É o tipo de cara que acha que
está tudo sob controle, mas, no fundo, não consegue ver além
daquilo que lhe mostram. Não é a toa que acaba sendo brutalmente
surpreendido.
Willow
é uma adolescente. Pelo menos é o que todos pensam. Apesar de sua
aparência sombria, suas roupas rasgadas e sujas, todos sabem que é
nova, mais nova do que diz ser. Willow é uma menina que guarda uma
história terrível. Sua vida é uma lembrança tragicamente
triste e é isso que ela guarda à sete chaves. Willow é calada,
vive trancada em seu segredo, não confia facilmente em ninguém e
faz de tudo por sua sobrevivência. Não sabemos muito sobre ela, mas
aos poucos, vamos descobrindo coisas
horripilantes. Ah, Willow
ama ler e a biblioteca também se torna seu lar.
Ela faz de tudo para proteger a
bebê que carrega em seus braços: Ruby.
Personagens secundários
Ruby é a bebê que Willow
carrega para todos os lados. É uma bebê ainda alegre, apesar de
tudo. Não tenho mais o que falar sobre ela, senão seria spoiler
e é uma bebê, né?!
Zoe é a filha do casal.
Filha de Heide e Chris. Filha única, vale ressaltar. Ela tem seu
quarto só para si e é igual muitas adolescentes: fechada. Ela vive
agarrada a um caderno amarelo, trancada em seu quarto, ouvindo som
bem alto. Zoe é uma menina que tem tudo, mas, logo que cresceu,
pareceu ter se esquecido de que o amor dos pais vale bem mais que
qualquer outra coisa.
Graham é
alguém que pode ser visto como metrossexual. Ele é o vizinho de
Heide, a quem Crhis jura ser gay. Vive se exibindo para todos, com
suas roupas caras e bem combinadas. Além de sua casa impecável,
seus móveis caros e suas visitas mais luxuosas: várias e várias
mulheres lindas. Graham também é o cara a quem Heide e Chris
recorrem quando precisam, é um bom amigo, segundo Heide. No entanto,
Graham é o tipo de cara que consegue ver o que Chris não consegue.
Ele sabe muito bem que Heide merece mais. Apesar disso tudo, Graham é
o tipo de personagem que entra para a trama sem nenhum motivo
aparente. Ou seja, sua participação, para mim, não mudou em nada.
Fiquei esperando mais dele.
Capa, escrita e detalhes
A capa é estranha, já vou
deixar bem claro. Eu achei que poderia ter sido bem melhor. A verdade
é que a história complica a confecção da capa, mas, sabe quando
você não sente conexão com o livro só pela capa? Então. Apesar
disto, sei que não devemos julgar um livro pela capa, porém, seria
hipocrisia minha dizer que eu o compraria só pela capa. Só depois
de ler a sinopse que, sim. Gostei apenas do lado sombrio e sofrido
que a capa deixa explícito, o que tem tudo a ver com a história.
A escrita de Mary me decepcionou
um pouco. Eu li A garota perfeita e fiquei completamente apaixonada
pelo livro, tanto que o mesmo se tornou meu thriller favorito,
até o momento. Nesse livro, notei um
pouco de enrolação. O livro
é muito narrativo, fato. Normalmente, já espero por isso ao ler um
thriller. Só
que a autora começou a narrar sobre qualquer coisa, isso inclui
lugares, pessoas, pensamentos, coisas, absolutamente quase tudo que a
personagem via, foi narrado. Achei um pouco desnecessário algumas
narrações. No entanto, não é algo que vai te atrapalhar muito, eu
só fiquei um pouco cansada algumas vezes.
Por
outro lado, mesmo com esse problema com a narração, eu devorei o
livro muito rapidamente, pois, o que não podemos negar, é que a
Mary tem uma escrita bastante envolvente. Achei o livro intrigante,
não do tipo que não te deixa dormir à noite, como em A garota
perfeita, mas do tipo que te permite fazer uma leitura rápida.
Os detalhes da história foram
muito bem narrados, como já disse, até demais. E tudo o que
acontece é contado lentamente, alternando entre um personagem e
outro. Vale ressaltar que o livro é narrado em primeira pessoa
sempre, alternando entre Heide, Chris e Willow e que, muitas vezes,
eu preferia ler a narrativa de Chris e Willow do que da própria
Heide. Mas isso é uma coisa que aconteceu comigo, podendo ser
diferente com cada um.
Conclusão
O que, de fato, achei do livro?
A verdade é que eu esperava
mais. Não sei se foi pelo fato de eu ter lido A garota perfeita e
ter esperado ser surpreendida como acabei sendo no livro citado. O
que aconteceu foi que mergulhei com muita expectativa nesse livro,
levando em conta tudo o que senti lendo o outro. E eu custei a
aceitar que a premissa era completamente diferente. Jamais pode ser
comparado. Aliás, é um tipo de thriller que te prende, porém
que pode ser previsível se você é atenta(o) à detalhes tanto
quanto eu.
Não é um suspense de te fazer
perder o fôlego ou dar nó em seu cérebro ao tentar desvendar tudo,
mas é um tipo que vai te fazer murchar rapidamente com todas as
verdades. A desconhecida é um livro estritamente sufocante.
Você se põe no lugar dos personagens e vê o lado de cada um deles.
E entende o quanto a gente pode estar quebrado por dentro e sequer
perceber, pois nos fechamos para a verdade. É um livro que te faz
pensar sobre inúmeras questões, mas talvez você não vá
terminá-lo sentindo que completou o quebra-cabeça, mas que um
buraco se abriu em sua alma.
No entanto, mesmo esperando mais,
por ter mergulhado em busca de desvendar mistérios impossíveis, eu
super recomendo o livro, porque pude desvendar algo que não sabia
que teria a possibilidade de fazer: minha própria alma. E meus
conceitos sobre as questões abordadas no livro, que são bem
trágicas.
Vale ressaltar que é um livro
forte. Sobre cenas fortes. Tristes e sufocantes. Eu quis gritar
inúmeras vezes e dizer que não aceito, mas o quanto a gente acaba
aceitando carregar na vida sem querer mesmo aceitar? O quanto
podemos conhecer sobre o outro e, principalmente, sobre nós mesmos?
E mais: o quanto ainda podemos suportar?
São essas inúmeras questões
que nos rondam ao decorrer da leitura. E são questões relevantes e
pertinentes do cotidiano que, mesmo sendo importantes, não paramos
para refletir sobre.
Enfim, recomendo muito o livro,
pois é um livro muito bom. E se você ama thriller
psicológico, vai amar este também.
Citações importantes
“Somos como as rodas de um carro: em sintonia, mas também independentes”.
“Ter uma melhor amiga é uma coisa maravilhosa. Não há necessidade de pensar duas vezes, não é preciso filtrar os meus pensamentos”.
“Nós não temos muito, mas pelo menos temos uns aos outros”.
“O quanto você pode saber, de verdade, sobre uma pessoa?”
“Estar com ela era uma coisa que eu realmente queria, como o ar”.
“Naquela noite, sonhei antílopes. Uma manada de antílopes, correndo por uma savana africana. Livres e soltos como eu só podia sonhar em ser”.
“[…] Heide soa exausta, no limite, como um brinquedo de borracha que foi esticado demais e não consegue mais voltar a seu formato original”.
“Mentir, nesses dias, uma coisa tão fácil de dizer, vem naturalmente de forma automática, até eu não conseguir mais dizer o que é verdade, o que ficção”.
“Não sei mais o que é fato e o que é ficção. Fantasia ou realidade”.
Nota da leitura:
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