Talvez o amor seja tantas outras coisas

by - maio 26, 2017


Não importa quantas vezes eu cansei do amor. Não importa, sabe? Eu simplesmente estou aqui, sempre e sempre, tentando, de novo e de novo, ser feliz. A vida é engraçada, às vezes estamos no mergulho mais profundo do mar e nos deparamos com as ondas mais belas, que nos levam para longe, depois trazem de volta. Mas, às vezes, e talvez na maioria delas, a gente nada, nada e nunca sai do lugar. Mergulha e volta sem ter expandido nosso horizonte, nosso espaço. E não importa, sabe? A gente vai levando assim mesmo, porque sabe que tem que levar. Por isso, depois de todas as noites com o pensamento flutuando por aí em busca dele, para ele e por ele, eu ainda decido amar.
E, mais uma vez, estou ali, bem em frente sua casa, levando o dedo na campainha mais uma vez até recuar e recomeçar tudo novamente. Então eu canso de novo. Mas, quer saber? No outro dia, ainda estarei aqui, pronta para amar. É que não dá para desamar de um dia pro outro, sabe? O amor nos consome tão rapidamente, mas não é com a mesma energia que vai embora. Ele vem penetrando aos pouquinhos sem que a gente perceba, mas tudo vai mudando drasticamente de dentro para fora. Quando ele tem que ir embora é o lado de fora que precisa mudar primeiro. Dar o primeiro passo.
Talvez a gente precise aprender a desamar também.
É difícil, claro. Amar é fácil, manter o amor que pode ser mais complicado, mas não impossível. E quando falo sobre desamor, deixo aqui as inúmeras afirmações de que se você deixou de amar é porque nunca amou, em branco. Não dá pra colorir a tela que já foi tão retalhada. Mas, sério, você acredita mesmo nisso? Então, pode ser que, diante da leitura dessa tela, as pessoas não mudem e, por isso, seus sentimentos permanecem. Há tintas generalizadas. Há manchas nessa pintura, e eu não vejo como tudo pode acontecer de um único jeito sempre. As coisas mudam, o tempo vai embora e leva consigo qualquer coisa que esteja pelo caminho, assim como as pessoas também.
Nós deixamos um pedacinho de nós a cada esquina que viramos, a cada tempo que passa. Mas também ganhamos novos pedaços. Nós somos construção constante.
Amar e desamar têm lá suas sincronias e dores. Existem por algum motivo. E também há aquela dúvida quanto aos sentimentos sinceros. Mas, sério, quem é que pode julgar um sentimento? Chamá-lo de impróprio ou falso? Ninguém pode julgar a dor dos outros, o amor também não. Cada ser carrega seu direito de amar, de sofrer, lutar, chorar, retroceder, recomeçar. E muito mais. E talvez seja por isso que o amor não tem definição. É tanto. É muito. Vai além de tudo que conhecemos, talvez. É complexo. E tantas outras coisas.

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