#Resenha: Galveston - Nic Pizzolatto (Editora Intríseca)
Autor: Nic
Pizzolatto
Editora:
Intríseca
Páginas: 240
Ano de publicação: 2015
Nota da leitura: 4,5/5
A História
Roy é um cara durão, como esses
da pesada. Não tem uma vida estabilizada e presta serviços a um
cara que pode ser considerado pior que ele. É matador. Comandado por
seu chefe, que agora está saindo com quem costumava ser sua
namorada, ele tem mais um serviço a fazer. Mas algo lhe diz que
aquilo pode ser uma cilada, o que, de fato, acaba sendo.
Ele escapa dessa, vivo e em sã
consciência da grande merda que está virando sua vida. Agora ele
tem um câncer para se preocupar e, como se não bastasse, acaba de
carregar consigo uma menina que assistiu a tudo e que também estava
metida, de alguma forma, naquela merda toda de emboscada.
Algo nela, mexe com ele. Algo
nele, mexe com ela. Os dois nunca se viram antes, mas parecem
compartilhar dos mesmos medos, anseios e pesadelos. Juntos, eles
fogem para Galveston, carregando ainda mais surpresas, mais loucuras
e uma vida inteira para zelar. Talvez eles estejam fazendo a coisa
certa. Ou talvez não exista coisa certa a ser feita. Afinal, algo
sempre pode dar errado e tudo pode chegar ao fim antes mesmo que o
fim chegue.
Personagens principais
Roy é acabou de descobrir que
tem câncer. Ele não tem ninguém. Não mais. A mulher com quem
tinha um lance está com seu chefe. Ele é um matador de aluguel e se
considera bom no que faz. É estratégico, mas não está ligando
muito para o rumo de sua vida, afinal, sabe que a morte o espera
através da doença que lhe corroi por dentro. É um cara experiente
quando o assunto é bandidagem, afinal, a vida que teve lhe ensinou a
ser cuidadoso e sempre esperar o pior.
Rocky ou Raquel é a menina que
estava no mesmo lugar que Roy, na tal emboscada. Machucada e
assustada, ela acaba indo com Roy. Ela é uma garota muito bonita,
loiríssima e de cabelos curtos, corpo esbelto e um pouco tagarela,
mas esconde algo e não parece ser algo bom. Rocky trata um combinado
com Roy, sem mentiras, os dois pretendem se esconder juntos por um
tempo e depois seguirem seus caminhos.
Ou não.
Personagens secundários
Stan é o chefe cretino de Roy.
Aquele que roubou sua namorada e que comanda todos os escrúpulos de
seus homens. Dono de um bar. Dono de várias almas que foram tiradas
de várias vidas.
Carmen é a ex-namorada de Roy.
Aquela com quem Roy sonha até hoje. Uma mulher bonita, esperta e
muito sensual.
Há algumas outras pessoas
importantes que surgem na história, mas vou deixar para que vocês
conheçam ao lerem o livro, porque elas podem, simplesmente, fazer
toda a diferença.
Capa, escrita e detalhes
A capa do livro é simples, porém
instigante. É daquele estilo gostoso de capa, aveludada. Tem tudo a
ver com a história, um lado meio sombrio, outro lado meio
misterioso. Algo relacionado a fuga. Nada relacionado a paz. Talvez
seja a descrição perfeita para esse livro. Não sei.
A escrita é simples e fluida. Só
senti falta mesmo de algumas referências, por exemplo a coisas
nomeadas por cultura ou sei lá, mas que não fazem sentido para todo
mundo, ou seja, nem todo mundo sabe o que é e é chato ter que ficar
pesquisando para saber.
O livro é narrado em primeira
pessoa por Roy. E o que acontece de estranho na narração é que, de
repente, estamos no hoje e, ao virar a página, já não sabemos mais
onde estamos. E aí temos que ler o capítulo inteiro se contorcendo
para ligar os pontos e descobrir se aquilo é passado, presente ou
sei lá o quê. É que não há referência sabe? Às vezes, o Roy do
futuro conta (um futuro que não sabemos onde se encontra e tal), e
na maioria é o Roy de hoje. Sei lá. Foi diferente, nunca li nada
assim, pelo que me lembro, mas fiquei meio perdida, outras vezes,
gostei da sensação.
Só que achei bem arriscado essa
ideia. Ou você odeia, ou gosta. Não sei por que fiquei no meio
termo, talvez eu tenha gostado, afinal.
Os detalhes da história são
mantidos, em sua maioria, como lembranças. O que vai nos revelando
mais dos personagens.
Achei que faltou algo mais em
Rocky, talvez algo que a caracterizasse melhor, não sei. Tive a
impressão que não a conheci totalmente, mas vai ver essa foi a
intenção do autor.
Conclusão
Esse é o tipo de livro que te
faz fechá-lo e continuar pensando sobre tudo. Principalmente sobre a
injustiça da vida, sobre os pesadelos que vivemos, sobre não saber
por onde seguir quando se pega um caminho ruim. É um livro que te
leva a refletir sobre as inúmeras forças que vêm para te derrubar
e que, cara, não vai adiantar fugir por muito tempo. Uma hora a
gente tem que enfrentar.
Mas também nos faz pensar em
quantas chances podemos estar desperdiçando na vida. Em quantas
pessoas podem chamar a vida de chance e o quanto as nossas tristezas
podem nos afundar, principalmente, quando temos um passado que vive
por nos atormentar. Um passado realmente ruim. Mas quem sabe as
coisas ruins possam ser mudadas e se transformarem em algo bom?
Será que resta esperança mesmo
na tragédia que persegue a vida?
Eu gostei muito do livro. Achei a
leitura bem curiosa, os fatos bem curiosos e eu queria muito mesmo
ter lido mais rápido, mas, infelizmente, o tempo não me permitiu.
Dá pra ler em um fim de semana,
pois são apenas 240 páginas de fazerem sua mente dar um nó. Você
vai sentir pena dos personagens muitas vezes, mas, em outras, vai se
pegar pensando como seria se fosse você.
Eu parei de pensar, assim que a
vida deles se tornou algo impensável.
Um livro ótimo, mas achei também
que o final poderia ter sido melhor. Não foi ruim, super
compreensível, aliás. Porém, sei lá, se fosse diferente... Só
que sou romancista de primeira, né? E esse não é um romance comum.
Vai fundo. Leia até a última página e me diz se você teria ido
tão longe.
Recomendado para quem gosta de
livros de suspense, com um bom drama e um toque de romance no ar.
Citação
“Você cumpre a própria pena, não a de outra pessoa”.
“Você não sobrevive a certas experiências, e, depois delas, não existe mais de forma plena, apesar de não ter morrido”.
“Descobri que todas as pessoas fracas compartilham uma obsessão básica: elas se fixam na ideia de satisfação”.
“Dezoito não é nada. Você tem tempo para reiniciar a sua vida umas três ou quatro vezes se quiser”.
“Com essas coisas é assim: você não precisa sentir. Pode escolher o que quer sentir e o que não quer. Fique com o que quiser. Se algo não funcionar, descarte”.
“O passado não é real”.
Nota: 4,5/5
2 Recados
Uau! Que história Sam.
ResponderExcluirVou procurar já.
Amei a forma como divide a resenha, não deixa escapar nada.
Beijoca ♡
Oi, Mah!
ExcluirOlha eu gostei,viu? Gosto de histórias que fogem do corriqueiro, como já percebeu, né?! Hahaha.
Mas pra quem não gosta desse tipo de leitura, pode odiar. Hehe
Mas eu recomendo.
Exatamente! E fica muito mais fácil escrever assim porque não temos a chance de esquecer.
Obrigada pela visita, lindona!
Super beijo,
Sâm.
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