Eu estava lá por você
Perdi as contas de quantas vezes
eu tentei me desvencilhar de você, rapaz. Não foi fácil decidir
ir, mas mais difícil mesmo foi quando decidi ficar. E tudo bem, quem
assumiu correr os riscos fui eu. A lição é inteiramente minha e eu
não estou me iludindo tentando ver o lado bom das coisas. Acontece
que, mesmo que eu não queira mais, ainda posso sentir o gosto do
amargo de ter deixado de estar lá por você, depois de tanto tempo
me mantendo intacta nessa mesma posição. Eu sempre estive aqui por
você, sempre fui até onde pude ir, muitas vezes por nós dois, mas,
na maioria das vezes, apenas por você.
É que a gente gosta quando o
sorriso do outro estampa o efeito dos seus atos, mesmo que os mais
insanos. E seu riso de lado, meio torto, com alguns amarelados
fracos, inunda um sentimento bom dentro de mim e me faz querer te ver
sorrir ainda mais. Acho que isso faz parte do “sim, eu aceito”,
não é? Eu sempre quis te ver estampar esse riso a cada segundo do
dia. E compreendo que, às vezes, fui além do que podia por isso,
mas, sabe, tem coisa que a gente já não põe mais na cabeça e sim
no coração e quero ver quem é que tira. E você estava bem aqui,
no coração, acumulando meus espaços e tempos de diferentes formas.
Até que eu deixei de sorrir para
ver o seu sorriso.
E foi então, após ter deixado
de lado várias constantes curvas na bochecha, que eu comecei a
sentir um vazio extremo. Não era dor, mas doía como se fosse. Sabe
quando você sente que algo está errado e não consegue encontrar o
erro? É que a gente acaba acreditando em verdades que nós mesmos
criamos e, quando algo vira verdade dentro da gente, é difícil
desmentir tudo, porque o coração, no fundo, ainda vai acreditar. E
é a partir daí que nos deparamos com o que chamamos de conflitos
internos: o coração diz sim, a mente diz não. O corpo quer, mas
sabemos que não devemos. No fundo, nós sabemos que o que está
errado não é tão errado para o coração, porque ele sempre vai
torcer para os sentimentos que inventamos.
Meu vazio tinha nome e eu
desconhecia.
Você se tornou minha causa a
partir do momento em que eu estive lá por você e não o vi lá por
mim. E tudo bem. Ninguém é obrigado a estar lá por outro alguém.
Cabe a nós decidir por quem vale a pena lutar e, sim, cometeremos
erros semelhantes milhões de vezes se for possível, mas um dia
acabamos descobrindo qual o significado de valor. E hoje sei, valor
foi a única coisa que não recebi de você. Porque não existe amor
sem valor. Se você ama, valoriza. Se não valoriza, não ama. É
simples. Mas eu fiz questão de complicar tudo.
Você se tornou meu motivo para
sorrir, só que eu não.
Preservei seu riso, seu moleque
bobo. Preservei nossos dias bons, cultivei nossos dias futuros, mas
esqueci de nutrir o que havia de melhor em mim: deixei de alcançar
meus sonhos. Ao me dedicar inteiramente a um alguém que não se
dedicava junto, perdi a fé no que havia de bom em mim, era quase
como se eu não existisse por dentro, apenas por fora. É que vícios
são assim mesmo, não é? A gente vicia rápido demais, mas custa
cair em si do mal que faz.
Viciei em você, no seu riso e
fantasiei algo nutritivo que me desnutria sem que eu me desse conta,
só que, sabe rapaz? As flores murchas ainda podem desabrochar e, a
partir do momento em que compreendi meu vazio, acordei novamente para
a vida.
E olha só, estou florescendo de
novo.
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