Quando foi que a gente virou romance?

by - julho 26, 2016



Ainda sinto um nó na garganta desde que a gente virou filme. Sabe aquele filme que te dá vontade de assistir mais de uma vez? Com um pote de sorvete de flocos nas mãos? Sem se importar com as horas e com os dias? Não me refiro a uma mísera depressão amorosa. Não me refiro a uma mísera dor que nunca acaba. Eu me refiro a um filme que passou rápido demais, um filme maravilhoso, um filme que não precisou ganhar o Oscar para ganhar meu coração. Afinal, quando foi que a gente virou romance?
Ainda sinto uma vontade absurda de contracenar novamente, nem que seja por um dia, uma noite, uma hora. Apesar de eu nunca ter gostado de pessoas pela metade, eu aceitaria um pedacinho de você nesse momento. E talvez seja o suficiente para que aquela maldita porta não seja cúmplice da sua amargurada ida. Ida sem vinda não é bem-vinda, sabe? Já te contei antes que em meu coração não há espaço para despedidas. Então, você foi sem um adeus. Sem um mísero “até um dia”. Porque não haverá esse dia, nós dois sabemos bem.
Olha que coisa estranha: pronunciar “nós dois” sem que seja real. Não é real. Talvez seja apenas uma vontade absurda do coração de projetar você na minha vida novamente. Não porque eu esteja assistindo a filmes dramáticos e melancólicos com um pote enorme de pipoca caramelada nas mãos todas as noites. Não por eu já ter quebrado uns pratos por estar distraída o bastante para as tarefas da casa. Não por eu estar forçando um riso amarelo na frente das pessoas que pronunciam seu nome como se isso não fizesse amolecer meu pobre coração. Mas porque você valeu. Valeu cada segundinho do meu tempo. Valeu cada piscadela acelerada que troquei contigo ao te ver chegar por aquela porta.
Você valeu muito, droga. E, talvez por ter valido tanto, esteja cutucando com ardência máxima a minha alma. Talvez, por isso você esteja fazendo parte dos meus infinitos dias de vasculhar e revirar nossos momentos pela casa. Casa, palavra tão pequena, mas que contemplou coisas tão grandes. Talvez, só talvez, por você ter sido essa coisa grande. Mas, ainda sendo grande, coube em meu coração de uma forma que jamais sairá. Eu só espero que a gente não se perca da gente, mesmo que tudo  que envolve a vida da gente tenha se perdido. Afinal, um filme não é o mesmo sem o mais importante protagonista. Ora, obrigada por ter me feito estrela de cinema e por ter atuado em um dos mais belos filmes que meus olhos já viram e que meu coração já contemplou. Você foi o filme que mais me marcou. O predileto, talvez, mas, só talvez. 
Sâmela Faria

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