Para quando o coração angustiar
Esse texto foi escrito ao som de James Arthur, clique aqui e ouça também.
Tava
tudo indo muito bem. Sua máscara de todo dia estava no lugar certo, como sempre. E você já decorou até que tom um riso precisa atingir para parecer convincente.
Parecia estar tudo normal, os dias, as horas; o modo automático não dava
problemas por um bom tempo e você até se convenceu de que estava mesmo bem. Só
que, quando a gente fica no silêncio, nem que seja por alguns míseros minutos,
ouvimos os sussurros da alma latejarem em nosso peito. Ouvimos o grito de
desespero que tentamos de tudo para abafar.
É
possível enganar o mundo lá fora, mas o mundo aqui dentro, não. Ele vai te
fazer despertar da carcaça moldada para enfrentar os curiosos. Porque seu
interior pode ser disfarçado para todos, menos para você. E você sabe que tudo
se transforma quando o silêncio vem. Tudo volta para a realidade que, mesmo
sendo dura, é preciso ser superada. Ora, meu bem, quando seu coração angustiar,
olhe para o espelho e procure em seus olhos em que momento da vida foi visto a
felicidade partir.
Partiu?
Continue.
Quando
seu coração angustiar, chore. Ponha pra fora mesmo, rasgue o peito. Chore
profundamente. Acabe com sua cota de lágrimas para o ano inteiro. Mas chore
tudo de uma única vez. Não fique presa nas migalhas de dor. Existem dores que
não passam, apenas amenizam, apenas cicatrizam e, você sabe, cicatriz é uma
marca, a dor também. Mas, ei, meu bem, todos nós possuímos uma, porque todos
nós sofremos. Porque todos nós viramos noites chorando também. Ninguém nunca
estará sozinho nessa.
Ninguém.
Só
não podemos nos tornar coleciona(dores), certo?
Sabe
qual é a parte boa disso tudo? É que, da mesma forma que existe a dor, existe o
sorriso verdadeiro. Existe a alegria, dessas que brilham como o olhar de uma
criança ao ver a mãe chegar. Essa alegria que brota no rosto de um amante ao
saber que é amado. Essa alegria que surge até mesmo do nada, mas que pode se
propagar quantas vezes a gente permitir. Entendeu? Permitir. Permita. Sempre,
se permita. Não há dores que sejam eternas na mesma intensidade. Elas vão
secando aos pouquinhos e viram manchas de um passado obscuro, mas que também
teve sua parte feliz. Vai dizer que não? Eu sei que teve, você só precisa
voltar a enxergar. Porque, quando nós estamos dentro da obscuridade da vida, só
vemos aquilo que traz a angústia. Tornamo-nos cegos para as coisas boas. Tornamo-nos cegos para a vida.
Uma
hora, meu bem, a gente aprende que não se deve lamentar para sempre as perdas, mas lembrar
as chegadas e as existências. As idas a gente vai embaçando na memória, até que
elas também viram manchas. Ninguém gosta de manchas, não é mesmo? Precisamos da
profundeza da alma sem um pingar de amargura em cada canto do riso. Você pode fazer
isso. Nós todos podemos. Já não digo mais que é preciso querer, porque, às
vezes, só querer não basta. Mas digo que é preciso tentar. Sempre.
Tentou?
Continue.
Sâmela Faria
0 Recados
E você, o que achou do post? Me conte aqui nos comentários!
Deixe seu link para eu conhecer seu blog também. ;)