Sou falha tentando ser acerto
Todo
mundo olha de longe e pensa que vê fortaleza. Olham, observam e saem
convencidos de que aqui não tem essa de chororô às 2h da madrugada. Porque aqui
não entra fraqueza, não é permito sofrer e nem quebrar o espelho com raiva da
aparência. Devo parecer indomável, aquela que não se deixa abater por nada.
Aquela que olha dentro dos seus olhos e diz “Doeu aí? Não tô sentindo!”. Aquela
que nunca, nunquinha derrama uma gota de lágrima sequer. É que vendo assim, até
engano. Mostro que na minha vida existe controle total e que não há nada de
estranho.
Mas,
se você quer saber, eu já sofri por amor.
Eu
já sofri por um amor que nunca nem aconteceu. E até mesmo pelos que já aconteceram. Já sofri por um amor que nem amor era, talvez chegou a ser uma intenção a mais e só. Eu já sofri por um amor que era meu e que,
do nada, deixou de ser. E ninguém, até hoje, me explicou como isso pode
acontecer. Já sofri por um amor que transbordou demais, que eu acabei alimentando muito e recebendo pouco, pouquíssimo. Já sofri pelo amor de um sorriso bonito e
voz mansa, mas que nunca me deu nenhuma esperança. Já sofri pelo amor daquele
que nunca quis entender o que eu sentia e, como se não bastasse, vivia me
dizendo que eu não o tinha. E depois dos desencontros desses desamores, acabei percebendo que de fato eu não conhecia o amor. Ora, o amor não faz hora, faz morada.
Já
sofri de joelho ralado também.
Sofri
de joelho ralado quando dei o meu melhor em uma amizade e a outra parte fez de
tapete e pisou sem dó. Sofri de joelho ralado quando acordei, depois de uma
noite de choro, só. Sofri de joelho ralado quando machuquei quem eu só queria
ver sorrir, quem eu só queria fazer feliz. Chorei muito de joelho ralado
quando deixei escapar, para minha mãe, coisas que nem mesmo eu gostaria de ouvir.
Machuquei o joelho de novo também por eu ter assistido um adeus sem sequer
saber o quanto é doloroso partir. E, claro, já ralei joelhos por aí... Vezes sem perceber, outras vezes sem querer notar.
Já
sofri de falta, de saudade, de ódio por mim mesma e de sempre cometer erros. Já
sofri de chegadas inesperadas e partidas desesperadas. Já sofri de amor
próprio, de amor não correspondido e de orgulho idiota. Já perfurei o coração inúmeras
vezes por não encontrar valor no que realmente importa. Já gritei de dores por
uma coisa boba, já deixei de chorar por algo que merecia um rio de lágrimas. E
foi assim que eu aprendi a ser gelo, foi assim que eu aprendi a criar um
bloqueio. Por isso pareço tão inquebrável, tão inabalável.
Mas sempre há, dentro de nós, os cacos dos vidros que já nos quebraram um dia. Não sou tão forte quanto pareço, mas não me abandono, permaneço. O que ando sentindo agora é só a saudade me fazendo lembrar o que é sofrer. Sou falha tentando ser acerto, uma muralha de histórias que me fizeram crescer. Eu aprendi ralando os joelhos que, apesar de toda dor e cicatriz, tudo isso que passei me fez criar uma camada de experiência. Eu aprendi com fortes dores no joelho ralado que, não importa o quanto tudo pareça ser ruim, você vai chorar, sofrer, querer desistir, voltar atrás, quebrar a cabeça, se odiar... Até que você vença.
Mas sempre há, dentro de nós, os cacos dos vidros que já nos quebraram um dia. Não sou tão forte quanto pareço, mas não me abandono, permaneço. O que ando sentindo agora é só a saudade me fazendo lembrar o que é sofrer. Sou falha tentando ser acerto, uma muralha de histórias que me fizeram crescer. Eu aprendi ralando os joelhos que, apesar de toda dor e cicatriz, tudo isso que passei me fez criar uma camada de experiência. Eu aprendi com fortes dores no joelho ralado que, não importa o quanto tudo pareça ser ruim, você vai chorar, sofrer, querer desistir, voltar atrás, quebrar a cabeça, se odiar... Até que você vença.
Sâmela Faria
Insta: @samela_faria
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