E o que a gente faz com o medo de tentar de novo?
Sem
rumo, sem expectativas, sem desejos aparentes, em uma esquina qualquer, em um
dia bobo, uma manhã desastrosa, você encontra aquilo que pensou que jamais
encontraria novamente. Você encontra um sorriso, uma voz, um jeito diferente,
uma coisa que consegue rapidamente mexer com seu interior inteiro. Você
encontra uma paz em um único olhar singelo, uma tranquilidade em um único
abraço de segundos e começa a criar uma capa protetora tentando impedir
qualquer morada. Começa a matutar jeitos e a traçar planos para não se
entregar, por já ter se entregado demais.
É
que, mesmo que a gente encontre o amor novamente: o que fazemos com os
destroços dos desamores que tanto machucaram? O que fazemos com o medo de amar
de novo? E o medo de essa pontada de friozinho na barriga se tornar, mais
tarde, uma pontada de nova decepção? O que fazemos com o medo de sofrer mais
uma vez? E a gente não dorme mais, passamos a noite inteirinha com olhos
arregalados e coração alarmado. Porque você não pode correr o risco de sonhar
com aquele olhar. Não pode correr o risco de sonhar com aquele sorriso largo,
com aquelas mãos macias e jeito misterioso. A gente passa a sentir tanto medo
que não percebemos que estamos alimentando mais frustrações ainda em nós
mesmos.
Quando
o passado foi ruim, quando o que você viveu lá não foi bom para você, devemos
guardar os ensinamentos que tivemos. Devemos tirar as linhas tortas e
escrevê-las com o que aprendemos. Apagá-lo não é possível e de nada adiantaria,
pensa, você correria o risco de errar de novo da mesma forma. O melhor a fazer
agora é pegar aquilo que lhe feriu e colocar na sua lista de aprendizagens.
Anotar as atitudes faltosas, bordar as palavras não ditas e começar a realizar
aquilo que você não realizou. Aquilo que, só agora, você percebeu que poderia
ter feito. Sempre há atitudes para tudo na vida e, a maioria delas, a gente só
encontra depois que a tempestade passa.
O
medo é assim, te faz voltar pra trás quando o que você mais quer é seguir em
frente. Mas ele te impõe dores já vividas e parece martelar sempre em sua mente
fazendo você se lembrar o quanto doeu da última vez. O quanto você sofreu por
tentar amar, por tentar manter uma relação com outro alguém. O quanto você
sofreu por apenas ter se mantido viva, por ter sido humana o bastante para se
entregar ao amor. Sabe o que acontece depois? Você se trava. E, mesmo que
encontre um príncipe encantado, não se permite viver novamente. Se tranca
dentro de uma bolha de decepções e as rabisca nas paredes para não esquecer o
quanto já doeu.
E
é claro, você não está disposta a sentir a mesma dor de novo.
Mas,
quer saber de uma coisa? O medo é tão frustrante quanto não se permitir amar
novamente. A diferença é que ele vai estar sempre aí, e se permitir mais uma
vez é um modo de descobrir se há amor nessa nova estrada, se há sorrisos e
gargalhadas fora de hora. É a hora de descobrir se vale a pena se lançar nesse
novo caminho, se vale a pena ter outra
pessoa contigo pra bordar novos sonhos e descobrir novas cores. Pra te dar a
mão e te fazer esquecer suas dores. Deixe o medo de lado, vai pelo caminho que
mais lhe fizer sorrir, o medo só te deixa cada vez mais atordoado e você vai
perdendo sem perceber. Sem notar nada, vai deixando de viver.
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