#CartasJamaisEnviadas: Em sua espera

by - junho 21, 2015





Minha campainha está ligada esperando que suas digitais a toque suavemente mesmo que você pense três vezes antes de criar coragem para pressioná-la. De qualquer forma, a porta também está aberta, as janelas e o coração. Não tá escrito seu nome no tapete de bem-vindo, mas pensei mesmo em você quando o comprei. A verdade é que esse lugar aqui está acabando aos pouquinhos sem a sua presença. A verdade é que eu estou acabando aos pouquinhos sem você.
Tenho uma mala pronta dentro do guarda-roupa, penso em ir atrás de você a cada novo dia, mas não sei. E por não saber, eu acabo sossegando aqui mesmo, esperando que você telefone, jogue uma pedra na minha janela ou grite lá de fora meu nome bem alto. Você chegou tão de fininho e fez tanto barulho para ir que só me sobrou o silêncio. Aquele mesmo silêncio que cobria nossas noites em claro, nossos diálogos quietos com olhares apaixonantes.
Ainda não lavei o lençol da minha cama desde aquele dia, parece que ainda sinto seu cheiro de suor fresco. Ninguém mais sente. Acho que é porque ninguém mais esteve aqui depois que seus pés pisaram para fora e não mais voltaram. Mas acredite, eu ando vivendo. Ou vivo andando, tanto faz. Minha vida não parou como você disse que queria. Estou em uma roda gigante, subo e desço tão rápido que, às vezes, saio cambaleando. Mas tem dias que tudo roda lentamente e é aí que eu te vejo, te sinto, te procuro.
Talvez você tenha mesmo razão, eu preciso estar em movimento para não lembrar que a qualquer momento você pode bater naquela porta e chamar por mim com sua voz de saudade gotejando amor. Só não esquece que eu estou aqui, rodando, andando, procurando e esperando que o meu maior motivo de sorrir volte. E quando voltar, te conto como os dias são árduos sem você aqui.
Só espero viver até lá, porque de sobrevivência aqui, só tenho a vontade de você.
- Sâmela Faria 
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