E foi olhando para você que eu desisti de lutar contra o que eu chamava de proteção. Foi querendo não te ver nunca mais que, com todos os meus medos da vida e de tudo que seja normal para qualquer outra pessoa, eu decidi que era não. Era um não. Eu não queria, eu não esperava, eu não estava preparada, não ainda. Não. Palavra tão simples e tão poderosa. Eu queria ter te dito que não todas as vezes em que me olhou como se eu fosse realmente a garota mais linda que já havia visto na vida. Mas não. Eu também não era, assim como todas as outras que você já deve ter olhado da mesma maneira.

E, foi tentando não te querer que, com toda sua insistência sem sequer dizer uma palavra, eu acabei te querendo. Te querendo tanto que eu só sabia dizer que não, mas no fundo eu me contradizia a cada instante. Foi no meio de tanta negatividade contra ao que você tinha para me oferecer que eu acabei me perdendo. E nunca mais me achando. Nunca mais me encontrando pelas esquinas da vida, com o coração duro e uma música melancólica a tocar nos fones de ouvido.

Eu poderia ter dito não, e, talvez hoje, toda minha vida pudesse estar arruinada; ou poderia estar da mesma forma que estava, desbotada, sem definição. Ou até mesmo estar bem melhor que antes. Embora eu ache que melhor não poderia estar. Foi o não mais difícil que eu já me preparei para dizer durante toda minha vida, e o mais intrigante é que, mesmo depois de tantos ensaios e cenas mirabolantes, eu não disse. Eu me limitei, eu não falei, deixei passar como se soubesse o que me esperava. Eu me entreguei.