Por acreditar tanto no amor, eu convidei você para morar dentro de mim. Pareceu muito, mas acabou sendo pouco. Por acreditar tanto no amor, eu decidi me acalentar em você e já não mais sinto o frio que a vida me fazia sentir. E no meio de uma noite sombria, já não mais sinto medo, nem desespero. Eu sinto você aqui, bem pertinho do meu peito derretido por suas palavras inquietantes. Sinto você pelo redor do quarto, pelas paredes geladas e até mesmo pela cama bagunçada, porque mesmo que aqui não esteja, tem muito de você dentro de mim.

As crianças ainda ouvirão falar de nós dois quando estiverem brincando em seus escorregadores no parque. E irão sorrir como se estivessem ouvindo melodias de fazer saltitar o coração. Irão perguntar quem somos nós e espalharão nossas vidas por aí, dirão o quanto fomos sorridentes um com o outro e que, mesmo debaixo de turbulências e inconveniências pesadas, nós vencemos o tempo, juntos. Datas já não mais poderão dizer o quanto o nosso amor sobreviveu, porque haverá eternidade para o que chamamos de companheirismo. 

E, mesmo que as crianças não ouçam falar de nós por aí, temos que acreditar sempre no lado bom da história, porque de ruim o mundo já vive transbordante. Eu não quero saber se um dia ou outro vai ser ruim de fazer machucar a alma e ferir o coração, eu quero estar de olhos bem abertos para entender que coisas boas acontecem também e que tudo, um dia, vai realmente passar. Mas que passe e deixe algo de bom para se lembrar. Que passe, mas que continue sendo dito por aqui e por ali. 

Que tudo passe, mas que seja eternizado dentro de nós, porque não vale a pena amar sem que se possa levar esse amor pelo resto das nossas vidas. Eu guardarei esse amor, mesmo que não passe por muitas esquinas. Eu guardarei você, mesmo que o tempo seja rude conosco e que leve embora meu sorriso antes mesmo que eu possa deixar de sorrir. 

- Sâmela Faria