#642Coisas: 215- Algo que roubaram de você: Sem destinatário
Sábado, 14 de Setembro de 2013
Houve um tempo em que eu acreditei. Tanto, mas tanto que, mesmo diante de tudo
que pudesse me fazer duvidar, eu preferi acreditar. Acreditei como se não
houvesse erro no mundo, nem nas pessoas. Acreditei como se os dias fossem
feitos somente de glória, como se o tempo passasse três vezes mais ligeiro e,
depois tudo pudesse se tornar mais pesado. Acreditar é muito fácil quando ainda
se tem esperança. Acreditar é muito fácil quando ainda se tem fé. E mais fácil
ainda quando existem sorrisos melhores que qualquer barra de chocolate. Foi tão
fácil para mim também que eu mesma fiquei tonta com tamanha crença.
Houve um tempo em que eu confiei. Eu confiei no mundo, na
vida, nas pessoas. Eu confiei em mim, em meu coração e em meus instintos mais
sacanas, mais teimosos. Eu só confiei. Confiei como se a vida fosse feita
apenas de confiança e admiração, mas não é. Ora, muitos já não mais existiriam.
E, perante toda sombra, todas as faltas de palavras e frases, eu confiei nas
histórias, nas reticências que nunca tinham um ponto final. Eu confiei
eternamente, e talvez, mais do que qualquer um poderia imaginar. Era algo
surreal, que ia contra até dos meus próprios conceitos.
Sempre foi mais fácil acreditar. Sempre foi mais fácil
confiar. Levar numa boa. Tirar sempre o lado bom da história e mudar o rumo
entorpecente que pudesse haver com os ruins. Era muito mais fácil abrir os
olhos sem o peso da consciência batendo, matutando e maltratando o pobre do
coração. Era mais fácil olhar as pessoas e procurar o brilho de sinceridade e
lealdade que pudessem passar. Não era preciso das palavras mais, nem das vozes;
só se precisava mais e mais do amor. Um amor que no fundo a gente sempre
acredita que existe, e existe. Existe para aqueles que sabem amar, que sabem o
valor de uma boa companhia e desfrutar das coisas boas a dois. E, entre todas
as coisas, eu acreditei tanto no amor que acabei não mais enxergando um palmo a
minha frente que não envolvesse sentimentos, risos largos e dois corações.
Sim, o amor é a criatura mais bizarra que eu já conheci e
senti. Fizeram-me acreditar em todas as belas poesias, em todas as belas
palavras – sem serem ditas –, em todas as músicas, em todas as mãos dadas que
passeiam pela calçada. Fizeram-me acreditar que realmente há boas pessoas e
boas maneiras de levar a vida, e ah, um jeito certo de viver. Contudo, o que eu
aprendi mesmo é que não existe. Nunca existiu e nem vai existir. Não existe
manual, nem certo e errado. O que existe mesmo é a consciência, e é ela quem
manda no que você compreende que é a coisa certa. Ou a errada. Fizeram-me
confiar em mim e em todo mundo, porém, eu deixei que isso fosse muito além do
meu próprio eu. Confiar é lindo, é necessário e preciso. Mas tudo com sua dose
certa. Em excesso, machuca demais. E depois que dói uma vez, nunca mais volta
ao seu status inicial.
Roubaram minha confiança, minhas crenças; e hoje, já não mais
levo fé em todas as rosas da vida, sempre há muitos espinhos e, sim, eles
machucam. Muito.
- Sâmela Faria
4 Recados
Amei *-*
ResponderExcluirAmo cartas, porque elas são mais pessoais e profundas! Adorei saber mais um pouquinho de você!
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/
Ah, muito obrigada Nina!!
ExcluirFico tão feliz quando você comenta!
Volte sempre tá?!
Beijos
Adorei o jeito com o qual você escreve. Realmente muito bom ler coisas assim.
ResponderExcluirObrigado por isso.
E pela musica que me fez sentir um dejavu.
Não tenho palavras pra dizer como me senti bem aqui
http://h-v-intage.blogspot.com.br/
Opa! Eu que não tenho palavras para expressar minha alegria em ouvir isso!
ExcluirMuito obrigada Kaysa!! Fico feliz por isso.
Volte sempre!! ♡
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