Annie, de costas para o amor
Ela era
tão mal encarada que ninguém gostava muito de ficar por perto. Seu cabelo
embaraçado e mal cuidado caía sobre seus ombros e paravam perto de sua poupança
ilustrada com tatuagens. Sempre tinha uma boa ideia do que poderia vir a fazer
nos próximos dias, e mesmo fazendo de tudo para seguir suas regras, nada dava
certo no final. Mas, não desistia. Aliás, a desistência não era algo que lhe
chamava muito a atenção. Era engraçada aos poucos, atrapalhada e mal falava com
as pessoas da rua. Tinha sua própria casa e se achava boa de menos para as
pessoas que considerava demais.
Não
gostava de se relacionar. Não tinha amigos e muito menos namorado. Havia uma
única menina com quem conversava, uma vizinha de sua mesma idade. Queria ser
veterinária por amor maior aos animais e mesmo assim se julgava nunca amar
ninguém. O amor nem sempre passou longe dela, porém sempre fugiu de tudo que
pudesse fazer contato com tal. Existia afeto, mas nunca amor. Existia carinho,
mas jamais paixão. Existia desejos, porém nunca um coração.
Garota
estranha, nada que não chamasse a atenção do povo que ali habitava. Estava
sempre correndo atrás de um cachorro e dizendo que não era mais criança. Mal
atendia a porta quando já era noite, e isso porque se considerava
irresistivelmente corajosa. Tinha suas garras, suas manhas, suas crenças e
mudanças de humor. Ouvia lá aquele tipo de música que não se sabe ao certo o
que diz. Dos livros fazia distância. Da poesia passava longe. Da literatura não
queria ouvir. Conselhos eram desconhecidos. Não ouvia ninguém. Fazia de si e de
sua vida o que bem queria, pois seus pais já não mais viviam ali.
E o
amor? Dizia nem saber a definição. Na verdade nunca nem procurou. Pensava não
ser o tipo de pessoa que alguém em sã consciência gostaria de conhecer. Era
inteligente, entretanto se limitava a não ser. Acreditava apenas no que via e
nunca se imaginou longe de seus acessórios em preto e branco. Era a cor da sua
vida. Nada colorida, nada animada. Mas, o sorriso sempre existia ali, mesmo que
no canto da boca, mesmo que escondido às vezes. Não lia seus e-mails e não
atendia ligações. Uma estranha criatura no meio do nada.
Quando
conheceu Henri, cuspiu em seu próprio eu, e mesmo esperneando, seu coração mais
forte bateu. Henri, um rapaz de simpatia avançada, estudante de direito e
escritor de primeira mão. Nada que pudesse se comparar com outro alguém. Henri
se aproximou da estranha imagem e jeito distorcido de Annie e recitando um
poema, ganhou seu coração. Ela que odiava melancolia, olhares vibrantes e
toques românticos. Agora, não mais queria se afastar de Henri. Agarrou em suas
mãos e somente a partir daí pode conhecer de verdade o amor. Entretanto, já
havia amado durante toda sua vida, só não queria acreditar nisso. Aquele jeito
intrigante de Annie passou a ser amado incontestavelmente por Henri, pois esta
se permitiu. Acreditou.
"Para o amor, não existem pessoas certas, e sim pessoas que persistem, acreditam e lutam positivamente pelo o que quer se ama."
-Sâmela Estéfany
2 Recados
Oiii linda, obrigada pela sua visita no meu blog, te espero sempre lá!
ResponderExcluirEstou adorando ler seus textos, voltarei aqui :)
Um beijão
www.garotaurbana.com.br
Nada flor, sempre visito outros blogs!!
ExcluirObrigada e volte sempre mesmo :D
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