#Resenha: O Jardim das Borboletas - Dot Hutchison
Título: O Jardim das Borboletas (O colecionador, #1)
Autora: Dot Hutchison
Editora: Planeta de Livros Br
Páginas: 303
Ano de publicação: 2017
“[...] as coisas enjauladas têm vida mais curta.”
A História
Imagine um jardim. Um jardim onde somente as mais
belas borboletas podem viver. Imagine as lindas asas dessas borboletas. E o
mundo inteiro que elas poderiam conhecer... mas não conhecem. Porque elas só
conhecem o jardim. Elas têm asas e não voam. Não porque não querem, mas porque
não podem voar. Vivem presas em um mundo irreal e completamente perturbador. E só
conhecem dois líderes: o jardineiro e seu filho. Até que outro surge. Até que
tudo corre o risco (ou seria alívio?) de mudar...
Inara é
uma jovem com vida atribulada, sem amor dos pais e que está deixando para trás
todas as dores e desamores. No entanto, a menina, por volta de seus dezessete
anos, se instala em um apartamento onde moram outras meninas, que tornam-se
suas amigas. Ali, ela arruma um emprego em um restaurante. Essas meninas são do
tipo que não perguntam da onde você veio e nem para onde vai. Mesmo quando você
desaparece...
O jardim
é o lugar onde vivem lindas meninas que se tornaram borboletas. Todas ganharam
uma nova identidade, agora, cada uma é uma espécie diferente de borboleta. E todas
atendem ao jardineiro: o cara mais bizarro e assombrosamente amoroso e dono
daquele lugar perturbador.
Inara foi
raptada. Inara foi levada para esse lugar bizarro e terrivelmente angustiante. Inara
se tornou borboleta. E foi quando deixou de ser livre.
Personagens principais
Maya (antes Inara) é uma menina muito direta. Ela é uma
borboleta. Teve que esquecer seu nome, sua vida, seus sonhos, para poder tentar
se adaptar ao jardim. Ela é uma das meninas mais corajosas, inclusive, sequer
chorou ao chegar ali. Maya nunca chora. Ama ler e está sempre recitando poemas
nas situações mais difíceis. Ajuda quem precisa e do jeito que melhor puder. Ela
fora raptada e deixada ali. Agora, estava vivendo uma realidade completamente
nova e drástica. Até que se tornou, de alguma forma, a preferida e passou a
usar isso para melhorar a vida das borboletas sobreviventes dali. Ela sabia o
que o jardineiro fazia, mas nada a faria chorar. Ela jamais desistiria.
O Jardineiro é o dono do jardim das
borboletas. O tipo de homem que aparentava ser uns dez ou quinze anos mais novo
do que realmente era. Tem porte elegante, corpo atlético e estatura um pouco
acima da média. Seu cabelo é loiro-escuro, sempre cortado e bem penteado, com
olhos verdes que lembram o mar. É bonito de uma forma assustadora, porém sua
voz é mansa e seus gestos são carinhosos, como um verdadeiro psicopata bonzinho
(se é que é possível tal combinação). Ele realmente acredita naquilo que quer
ver. Rapta meninas bonitas e as leva para seu jardim particular, as faz suas
borboletas e, acima de tudo, cuida delas, até quando se vão, ele faz questão de
guardá-las.
Victor e Eddison são dois agentes do FBI que estão
investigando o desaparecimento das meninas – borboletas – e sobre o que era o
jardim. Victor tem duas filhas e, por isso, é bem mais paciente que Eddison,
ele sente na pele tudo o que Maya/ Inara lhe revela. Já Eddison não tem
paciência para os rodeios que a garota faz e, automaticamente, fica perceptível
que ela não gosta tanto dele assim. Os dois não desistem enquanto toda a
história não é revelada, no entanto, a cada nova revelação sentem seus pelos se
arrepiarem ao imaginar como sobreviveram a tudo.
Personagens secundários
Lyonette é uma borboleta, uma das mais velhas, o que quer
dizer que seu tempo está acabando. Não, Lyonette não é velha, mas está próxima de
fazer seus vinte e um anos e todo mundo sabe o que acontece quando esse dia
chega. Ela tem cabelos ruivos e é alta, é a que ajuda a instalar cada nova
menina que chega ali. Entre conversas e explicações seguidas de “vai ficar tudo bem”, Lyonette influencia
no bem estar de todas as meninas. Até que não pôde mais.
Bliss também é uma borboleta. Ela é muito boa com argilas
e vive criando suas esculturas. É uma das meninas mais corajosas também,
portanto tornou-se amiga de Maya. Ela sempre ajuda como pode, porque sabe que
todas ali são suas irmãs agora. Estão todas no mesmo barco.
Danelle é outra borboleta do jardim. Ela já foi uma
puxa-saco e até tatuou uma borboleta no rosto para exibir, pensando que isso
lhe faria ter vantagens com o jardineiro. Quando percebeu seu erro, ela se
tornou outra. Agora, Danelle assume o papel de Lyonette junto com Maya,
alternando para ficar com as novas meninas que chegam e precisam se tornar
borboletas também.
Avery é o primogênito do jardineiro. Ele é cruel e
completamente psicopata, mas não como o pai. Avery é o tipo de psicopata que
faz crueldades sem tamanho, um total masoquista e maluco por poder. Ele é
responsável por inúmeras mortes e maus-tratos que aconteceram ali no jardim. O pai
sempre o reprimia e o expulsava, mas nunca durava muito tempo.
Existem
várias borboletas que deveriam estar aqui, mas, sendo muitas, não terei como
citá-las. Mas a história é composta por muitas delas, cada uma a seu grosso
modo e com sua singularidade. Também há personagens importantes que surgem ao
longo da história, mas seria spoiler
mencionar.
Capa, escrita e detalhes
A capa não precisa de comentários: está simplesmente
perfeita! Aliás, toda a diagramação está impecável. Sem contar que uma capa
dura é uma capa dura, não é gente? Amei muito. O livro com certeza ganha só
pela capa.
A escrita é diferente: nem tão fluída, mas também
não chega a ser maçante. É apenas diferente, e você pode ou não se adaptar. Eu me
adaptei perfeitamente, embora tenha ficado perdida toda vez que voltava a ler
de uma certa página, já que o livro praticamente não tem capítulos. A verdade é
que o livro é dividido em três capítulos apenas, mas dentro de cada capítulo há
divisórias. Enfim, é uma escrita que me deixou muito curiosa.
Outro fato interessante é que esse livro é contado
em primeira pessoa pela protagonista Maya/Inara e também em terceira pessoa, na
visão dos agentes e de todos que envolvem a trama. É isso que pode confundir às
vezes quando você retorna a leitura de onde parou antes e não lembra exatamente
onde estava. Mas, tipo, super de boa. Eu gostei dessa variante, até porque, nas
veze em que Maya conta, conseguimos nos colocar no lugar dela. Já nas vezes em
que está em terceira pessoa, a gente se sente parte dos personagens.
O livro é bastante envolvente. Tem uma linguagem
simples e curiosa, porque vai contando aos pouquinhos tudo o que realmente
aconteceu.
A história começa com a Maya/Inara sendo interrogada
pelos agentes e se passa alternando entre o interrogatório e o depoimento na
íntegra, como flash backs, sabe? Isso
pode ser um ponto positivo e negativo. Eu gostei bastante, mas houve vezes em
que pensei que enrolaram um bocado para enfim revelar alguma coisa. Então, meu
ponto negativo vai para isso apenas: ter enrolado muito para revelar os pontos
cruciais da história e, no final, não terem feito tanta diferença assim.
A história que esse livro traz é terrivelmente triste.
É uma coisa que eu jamais conseguiria imaginar se não tivesse lido. No entanto,
como disse, a forma como tudo é contado nos permite nos colocar no lugar das
personagens e viver um pouco sobre o que elas passam ali naquele maldito
jardim. Ao mesmo tempo em que você tem sentimentos contraditórios quanto a
questão delas terem se conhecido e tornado amigas/irmãs, sabe? É um livro que
tem um efeito estranho e doloroso em você, mas, no fundo, parece que tudo não
passava de um sonho maluco.
Ou melhor: pesadelo.
Conclusão
O livro traz uma história forte e muito impactante,
mas de uma forma madura, talvez um pouco menos emocionante do que pensei que
seria. No entanto, ainda assim, é completamente perturbador lê-lo e desejar
continuar lendo. É completamente alucinante se colocar no lugar das borboletas
e imaginar aquele jardim, o jardineiro, as coisas que ali aconteciam, o corredor...
a dor e as lindas asas que não permitiam voar.
Eu recomendo o livro? Sim! Mas só para quem sabe que
irá aguentar, porque não é uma história com final feliz e isso não é spoiler, é só minha opinião. Jamais uma
história dessa, mesmo que tenha um fim, será vista como final feliz. Então
entre nessa realidade, mas vai devagar, sinta as emoções e busque apenas as
coisas boas que se pode aprender com o livro, por exemplo: o amor ao próximo, a
união, a amizade, o cuidado e afeto que a gente cria com pessoas que nunca
havia visto antes apenas por elas estarem no mesmo barco que nós, mas que
poderíamos criar esse vínculo sem precisar passar por situações como essa.
E também a questão de família que, às vezes, a gente
escolhe sim.
Citações favoritas
“Timing às vezes tudo se resume a isso.”
“O segredo está nos olhos. Quando a pessoa já viu bastante coisa na vida, ela parece mais velha.”
“[...] digamos que a beleza seja uma coisa efêmera e fugaz, e ele tinha que capturá-la enquanto podia.”
“Algumas pessoas desabam e nunca mais levantam. Outras recolhem os próprios cacos e os colam com partes afiadas viradas para fora.”
“Por mais que você se esconda, alguém sempre pode encontrá-lo.”
“A verdade era a única coisa que podia ser sempre minha.”
“Meus segredos são velhos amigos. Eu me sentiria péssima amiga se os abandonasse agora.”
“Às vezes a ilusão de liberdade, de escolha, era mais dolorosa que a de estar presa.”
Nota da leitura:“Tudo que vemos ou que parece é só um sonho dentro de um sonho.”
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